XX Encontro das Estaduais, Municipais e Distrital do Andes-SN fortalece luta por autonomia, financiamento e carreira do setor

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Após três dias de intensos debates, chega ao fim na tarde deste domingo, 20/10, na Capela Ecumênica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o XX Encontro do setor das Instituições Estaduais, Municipais e Distrital de Ensino Superior (IEES/IMES/IDES) do Andes-SN.

O evento que reuniu mais de sessenta participantes entre representantes de 29 seções sindicais do setor das IEES/IME/IDES, membros da diretoria do Andes-SN e convidados teve início na noite da última sexta-feira, 18/10, no auditório 11 do campus Maracanã da Uerj, com o tema “Autonomia e Condições de trabalho nas Universidades Estaduais, Municipais e Distrital”.

Ao abrir o evento, o presidente do Andes-SN, Gustavo Seferian, fez questão de lembrar de um dos maiores levantes insurrecionais da classe trabalhadora no contexto latino-americano, que acontecia há exatos cinco anos no Chile. “Esse movimento apontou para a defesa dos direitos sociais, da natureza, da autonomia dos povos indígenas e da perduração da existência humana no planeta como as principais agendas da classe trabalhadora hoje. Lá, também, o movimento foi desmontado pela afirmação do neofascismo, mas nos levou a reconhecer que só por meio da luta organizada, de forma articulada e convergente, com ações diretas intensas, teremos condições de reverter o quadro extremamente doloroso que nossa classe sofre hoje”, destacou Seferian.

A professora Amanda Moreira, presidente da Asduerj, seção sindical que sediou o evento, saudou o encontro, destacando o cenário de crise por que passa a Uerj, envolvendo, justamente, questões referentes a financiamento e autonomia, temas centrais do evento. “Neste contexto, ter companheiros de todo o Brasil construindo essa luta aqui, conosco, nos fortalece, assim como todo o apoio que tivemos do Andes-Sindicato Nacional neste período. Temos um final de semana muito rico de debates em que está em discussão o financiamento das nossas instituições, o aprofundamento do debate sobre a carreira única iniciada no 15º Conad Extraordinário, a autonomia dos nossos sindicatos e a criminalização das lutas. Teremos ainda um assunto muito importante que são as condições de trabalho e o adoecimento que afeta a categoria docente. Sobre este tema, o Andes-Sindicato Nacional vem demonstrando uma preocupação muito grande com isso. Neste momento, está em andamento a 2ª fase da enquete que busca levantar e analisar esse cenário na nossa base”, destacou.

Painel revela diversidade do setor e indica centralidade da luta

O evento de abertura trouxe ainda um rico painel das lutas empreendidas neste ano pelas dezenas de seções sindicais de todas as regiões do país que compõem o setor e estiveram presentes ao evento. Ações que incluíram movimentos grevistas do Norte ao Sul do país, como as travadas nas universidades estaduais do Ceará, do Paraná, na estadual de Minas Gerais, do Piauí e do Pará. Movimentos que tiveram como eixos centrais a luta pela autonomia, pela carreira e pelo financiamento das IEES, além das questões salariais.

O quadro apresentado pelos representantes das seções sindicais demonstrou a diversidade característica do setor, que envolve diferentes situações referentes ao financiamento e a configuração da carreira em cada instituição, mas mostrou também inúmeros traços em comum como a luta contra regimes de austeridade implementados ou em fase de implementação em diversos estados da federação.

A luta contra os impactos do Regime de Recuperação Fiscal foi, por exemplo, um dos eixos da greve na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), iniciada no dia 1º de maio e que durou dois meses. “Através da articulação dos sindicatos e associações que compõem a Frente Mineira conseguimos adiar diversas votações sobre o RRF, apoiamos a construção de propostas alternativas e em consonância com as deliberações do ANDES-SN, defendemos a realização de uma Auditoria da Dívida Pública da Minas Gerais e vamos construir uma nova Greve Geral do Funcionalismo Público Estadual”, relatou a representação da Aduemg no evento.

Outro ponto em comum foi o enfrentamento dos processos de criminalização das lutas. Um quadro que demonstrou características semelhantes seja na greve dos docentes das universidades do Paraná, no enfrentamento com o governo do ultradireitista, Ratinho Jr. (PSD), seja na greve das universidades estaduais do Ceará e do Piauí, com governadores petistas, onde não só as greves foram consideradas ilegais, mesmo antes de iniciadas, mas houve corte de salários e aplicação de multas às e aos dirigentes sindicais.

O painel construído pelos depoimentos das seções sindicais do setor da IEES/IMES/IDES deixou claro que o caminho para reverter o atual quadro extremamente desfavorável à classe trabalhadora é, de fato, a luta organizada. A vitoriosa mobilização dos docentes da Universidade Estadual de Goias (UEG) é um exemplo claro disto. “Nossa greve foi considerada ilegal. Tivemos que retomar as atividades após uma semana de paralisação. Mas o movimento continuou nas redes sociais e fazíamos paralisações de 24h pelo menos uma vez na semana. O governo então nos chamou a negociar, num quadro que também está implicado o ajuste fiscal. Mas a mobilização foi grande, com paralisação até mesmo da pós-graduação strictu sensu. Conseguimos, então, aprovar nosso plano de cargos e salários, recuperamos dez anos de docentes que não recebiam as suas titulações, o que é para a nós a dedicação exclusiva passou a ser fluxo contínuo, sem limitação de vagas. Estamos ainda processo de negociação para os critérios de progressão. Nossa luta continua!”, ressaltou a representante da Adueg no encontro.

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