III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação se encerra com chamamento à luta internacional por uma educação emancipadora

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Durante quatro dias, de 11 a 14 de novembro, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores da educação, junto a ativistas sociais, discutiram, na Uerj, a importância das questões raciais, de gênero e classe na construção de uma educação emancipadora.

Nas oito mesas montadas pelas entidades organizadoras do evento, e nos espaços construídos pelos estudantes, estiveram presentes temas como a asfixia financeira das instituições educacionais, o modelo hegemônico de digitalização dos sistemas escolares e universitários, sem investimento público nem igualdade de acesso; a transformação da inteligência artificial em novo regime de verdade; e o progressivo avanço da educação a distância, exclusivamente virtual; além do impacto de projetos conservadores que tentam impor seus paradigmas sobre os sistemas escolares e universitários, entre outras ameaças à educação pública.

“Somente a crítica não basta”

A frase acima consta no documento aprovado pela plenária dos estudantes, realizada na quarta-feira, que refletiu a proposta que unificou o Congresso. “Nossa luta contra o neoliberalismo se dá na prática”, afirma o texto. O enfrentamento é tanto no terreno da educação como na luta social. Por isso, devemos construir uma agenda de lutas contra o arcabouço fiscal brasileiro e medidas neoliberais em todo mundo, defenderam os estudantes.

Em sua declaração Final, lida e discutida na tarde da quinta-feira, 14/11, no Teatro Odylo Costa Filho, o III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação reforçou o chamamento a uma articulação internacional de sindicatos e associações de educadoras e educadores, movimentos estudantis e sociais em defesa da ciência, da educação pública, gratuita, laica e referenciada no interesse da classe trabalhadora.

Ao encerrar o evento, o presidente do Andes-SN, Gustavo Serafian, resumiu o sentimento das delegações de dezenas de países de todo mundo, em especial da América Latina, que estiveram presentes esta semana na Uerj.

“Saímos daqui hoje exaustos, mas inspirados. Exaustos mas com mais fôlego. Pudemos compartilhar experiências e ter a certeza de que nos irmanamos, independentemente do local do planeta em que estamos. Pois, ainda que de forma desigual, a violência do capital recai sobre nós. Temos um inimigo em comum e temos que estabelecer um enfrentamento comum. Percebemos aqui que temos capacidade plena de agir conjuntamente, a partir dos nossos pontos de convergência política e nos balizando por eles. Saímos com a certeza de que temos como construir de forma unitária uma educação emancipatória. Viva a luta que educa!”

O local do IV Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação será definido em uma reunião em abril de 2026 no México.

Choque na Uerj nunca mais

Ainda na manhã desta quinta-feira, a presidente da Asduerj, Amanda Moreira, fez um pronunciamento, ressaltando a importância do Congresso ter acontecido na Uerj.

Somos uma universidade de muitas lutas. E nossa seção sindical tem sido protagonista destes movimentos ao longo dos seus 45 anos. Lutamos em defesa dos direitos dos docentes mas também pela manutenção da Uerj como uma universidade popular, que é pioneira nas cotas sociais.

– Este ano o nosso sindicato esteve na luta pelos direitos da nossa categoria. Mas, também, nos colocamos ao lado da luta estudantil luminosa que aconteceu nesta universidade. Um movimento para garantir que auxílios e bolsas fossem mantidos para estudantes em vulnerabilidade social. No dia 20 de setembro, aconteceu uma situação muito triste na Uerj, que foi a entrada do choque para acabar com a ocupação estudantil. Esse evento precisa repudiar a presença do choque na universidade. Não admitiremos a polícia dentro do “campus”, independentemente de qualquer reitoria que esteja administrando essa universidade. Choque na Uerj nunca mais!

Assista ao depoimento na íntegra

📷 1ª foto: Vanessa Silveira / Adufpel

#Paratodosverem: fotos coloridas da plenária de encerramento do Congresso. Na primeira, todas as delegações presentes estão sobre o palco do Teatro Odylo Costa Filho, com bandeiras de suas entidades e organizações, e braços levantados. A segunda mostra a plenária com pessoas de costas agitando bandeiras, de frente para a mesa. A terceira foto mostra a mesa de encerramento com representantes das entidades organizadoras sentados, e o presidente do Andes-SN, homem branco com barba, de pé discursando ao microfone. Fim da descrição.

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