58,7% dos domicílios brasileiros convivem com Insegurança alimentar, aponta pesquisa

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A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional divulgou nesta quarta-feira, 8/6, os dados da segunda edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. Os dados demonstram que no final de 2020 cerca de 19 milhões de brasileiros estavam em estado de insegurança alimentar grave e esse número saltou para mais de 33 milhões no início de 2022.

O inquérito considerou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) que classifica as famílias em 4 grupos: segurança alimentar e nutricional – quando a alimentação disponível é de qualidade e não afeta outras necessidades; Insegurança alimentar leve, quando a qualidade da alimentação é afetada; Insegurança alimentar moderada – quando há risco de falta de comida no domicílio e; Insegurança Alimentar grave definida quando há falta de alimentos no domicílio. Atualmente 58,7% dos domicílios brasileiros convivem com algum nível de Insegurança alimentar.

 (Arte: Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil)

Fome no Brasil tem classe gênero e raça

Os resultados também mostram que a questão da fome no Brasil tem classe, gênero e raça: Os maiores índices de insegurança alimentar grave estão entre as famílias chefiadas por mulheres negras e com renda familiar per capita menor que ¼ do salário-mínimo. Outra informação alarmante apresentada é a volta de disparidade regional, que em 2022 apresentou diferenças semelhantes às da década de 1990, quando comparamos as regiões sul e sudeste com a norte e nordeste.

Os dados alarmantes são resultados de uma série de fatores, segundo a Rede de Pesquisa: “o desmonte das políticas públicas que estamos vivenciando desde o ano de 2015 e se acentuou em 2016 com a aprovação da Emenda Constitucional 95, que impõem um teto de gasto para as políticas sociais, aliados às políticas de austeridade implementadas pela atual gestão federal. Aponta, ainda, uma má condução das políticas econômicas e sociais durante os períodos mais agudos da pandemia de Covid-19 e a inflação, que vem corroendo o poder de compra, em especial dos mais pobres”.

Para a professora do Instituto de Nutrição (INU) da Uerj, Ana Carolina Feldenheimer, “o inquérito apresenta para a comunidade universitária uma reflexão urgente, por um lado precisamos colaborar na elaboração de saídas deste cenário, por outro precisamos entender que esse cenário de insegurança alimentar pode estar presente entre nossos estudantes e a comunidade atendida pela universidade, seja nos projetos de extensão como na oferta dos serviços de saúde. Quais medidas serão tomadas para evitar a evasão e o baixo rendimento dos estudantes afetados? Como podemos pensar políticas sociais para o estado do Rio de Janeiro e do Brasil? Os desafios são enormes e urgentes e como dizia Herbert de Sousa, o Betinho, ‘quem tem fome tem pressa’.”

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Foto: Folha de São Paulo

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