Foram divulgadas nesta sexta, 19, e sábado, 20/5, duas novas matérias da inesgotável série produzida por um Portal de Notícias, demonstrando haver muitos indícios de que a universidade foi utilizada pelo governo Cláudio Castro como instrumento de desvio de recursos públicos para beneficiar campanhas eleitorais de seus aliados políticos. Dessa vez, as suspeitas apontam para um esquema que envolveria desde figuras muito próximas à família Bolsonaro até o ex-Reitor da Uerj e candidato não eleito a deputado federal em 2022, Ricardo Lodi.
Segundo a reportagem publicada neste sábado, 20/5, um jovem de apenas 19 anos sem qualquer experiência acadêmica teria sido contratado, em junho do ano passado, como supervisor de um projeto da Uerj com remuneração que chegou a 23,7 mil. No total teria recebido 113,7 mil brutos em sete meses. Além do rapaz, seu pai e sua mãe constariam da folha de pagamento do projeto e juntos teriam recebido R$ 341 mil brutos (R$ 252 mil líquidos). Ainda segundo o Portal, o rapaz teria ligações com o advogado Ricardo Menezes, candidato a deputado estadual pelo PSD em 2022, quando fez campanha conjunta com o ex-reitor da Uerj, Ricardo Lodi, em, pelo menos, duas comunidades.
Na sexta-feira, uma outra reportagem do mesmo veículo citou um dos principais assessores do vereador Carlos Bolsonaro, Rogério Cupti, e uma mulher que seria sua tia, entre os beneficiados pelo esquema. Cupti seria o responsável pelo desenvolvimento do aplicativo “Bolsonaro TV”, que reúne postagens do ex-presidente.
O assessor do vereador e outros “apadrinhados dos bolsonaristas” teriam sido contratados como bolsistas em projetos da universidade, financiados com verbas de orçamento descentralizado. A maioria das contratações teria ocorrido às vésperas da campanha eleitoral de 2022. Cupti, por exemplo, teria recebido da Uerj mais de R$ 87 mil brutos entre julho e novembro do ano passado, apontou a matéria.
O Portal também afirma ter existido, no que nomeia como “folhas de pagamento secretas da Uerj”, 20 aliados do deputado federal Altineu Côrtes (PL). Todos vinculados ao Projeto ECO, foco da matéria deste sábado. Tal projeto teria gasto R$ 100 milhões com pessoal, entre o início de 2021 e agosto de 2022. Dinheiro que teria como fonte recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Como se sabe, nesse momento os profissionais da Rede Estadual de Educação estão em greve pela implementação do Piso Nacional do Magistério no Rio de Janeiro.
Conselheiros protestam contra situação “vergonhosa”
Como não poderia deixar de ser, o tema voltou ao centro do debate na sessão do Conselho Universitário realizada na sexta-feira, 19/5. A indignação com a falta de uma resposta contundente da Reitoria levou uma das conselheiras a se manter de pé, em protesto, durante toda a sessão.
Outras manifestações repudiaram a vergonhosa situação na qual foi colocado o nome da universidade, enquanto a sua comunidade sofre com a contínua deterioração de sua estrutura física e a ausência de concursos obrigatórios por lei para cargos essenciais. Acresce-se ainda o progressivo rebaixamento dos salários de suas trabalhadoras e trabalhadores, há décadas sem recomposição efetiva de perdas inflacionárias.
O incidente ocorrido recentemente no Pavilhão Haroldo Cunha Lisboa, o Haroldinho, serviu como retrato da situação. Segundo relato da representante do Instituto de Biologia (Ibrag), na semana passada várias salas da unidade foram afetadas por alagamentos resultantes de procedimentos visivelmente inadequados de uma obra no local. A conselheira apontou para um quadro de destruição e insalubridade levando a danos materiais e acadêmicos, conforme registrado em fotos exibidas durante a sessão a pedido de outra conselheira (figura acima).
Se contrastarmos a série das reportagens investigativas do Portal de Notícias e as condições de trabalho e infraestrutura de nossa universidade, a Uerj está dividida em duas. De um lado, uma abundância de recursos que está sob investigação por ter supostamente beneficiado personagens estranhos à nossa comunidade, figuras alinhadas ao bolsonarismo fluminense; de outro, precarização com servidores sem recomposição salarial e instalações deterioradas. Parece que o governo do estado investiu conforme determinados interesses; por isso, a licitude e legitimidade desses investimentos estão sendo questionadas. A reitoria precisa explicar.
Sou servidora da UERH há anos e temos urgência em esclarecer este absurdo feito por Cláudio Castro enquanto nossa Universidade está caindo aos pedaços e nossos salários tb.
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